Desde sempre os humanos têm momentos de sofrimento e alegria. Sofrer é algo que devemos evitar sempre que possível, caso contrário seremos masoquistas, mas o sofrimento é inerente à vida e não há como passarmos por ela sem que, em algum momento, tenhamos contato com ele.
Em muitos casos o sofrimento é doença, mas nossa sociedade pós-moderna considera “toda” dor e sofrimento como patologia, quando na verdade o indivíduo pode não estar doente, mas com um sofrimento existencial, natural.
Essa forma de olhar para o sofrimento tornou-se uma “doença social”, uma “tentativa” do ser humano de autodesumanização. O sofrimento não é a patologia, mas percebê-lo “sempre” como sendo. Quando blindamos nossos filhos, por exemplo, de alguns pequenos sofrimentos existenciais, afastamos deles a possibilidade de aprender e crescer mais preparados, para que inclusive tenham a capacidade de se posicionar com firmeza diante de sofrimentos maiores e repito, sofrer em algum momento é inevitável.
O que busco com esse texto é mostrar que nossa sociedade está doente quando esconde de si mesma algo que é um fenômeno humano como o sofrimento. A pós-modernidade nos impõe uma forma de vida em que a felicidade é um dever, isso é uma patologia; imaginar que felicidade é uma vida sem qualquer sofrimento e não perceber que é esse um dos motivos da angústia e depressão que nos afligem, é lutar contra nossa verdadeira natureza e evidentemente perder essa batalha.
Que sejamos muito felizes, evitando a dor sempre que possível, mas quando for inevitável não nos envergonhemos por senti-la, afinal somos humanos.
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